Corrimento Vaginal
CORRIMENTO VAGINAL
FISIOLOGIA VAGINAL
COMPOSIÇÃO DO FLUXO GENITAL
- Células descamadas
- Transudato da parede vaginal
- Muco cervical
- Secreções das glândulas vestibulares e parauretrais
- Líquidos de regiões superiores (endométrio e tropas)
- Fermentos celulares
- Flora vaginal (bacilos de Dorderlein e flora bacteriana mista)
- Leucócitos
- Imunoglobulinas
PROTEÇÃO NATURAL DO TRATO GENITAL INFERIOR
VULVA: tegumento pelos abundantes, coartação adequada dos pequenos lábios.
VAGINA: acidez vaginal ( PH = 4,5), presença de lactobacilos (Dorderlein); integridade do assoalho pélvico; justa posição das paredes vaginais; espessura de pregueamento das paredes vaginais.
COLO: muco cervical; ação bactericida; integridade anatômica.
CONTEUDO VAGINAL FISIOLOGICO
As suas características principais são:
PH acido 4,5
Mais abundante no período ovulatório, gestação, puerpério, ou quando há excitação sexual.
Pode ocorrer em recém- nascidas, pela ação hormonal placentária.
Coloração clara ou ligeiramente castanha.
Aspecto flocular
Pequena quantidade ou ausência de cheiro ou odor.
CORRIMENTO GENITAL DEFINIÇÃO
Corrimento é uma anormalidade na quantidade ou no aspecto físico do conteúdo vaginal, que se exterioriza pelos órgãos genitais externos.
Pode ser sintoma referido pela paciente ou apenas identificado ao exame ginecológico.
O diagnostico etiológico baseia se, fundamentalmente no quadro clinico.
As principais causas de corrimento são as vulvovaginites e ou vaginoses.
As vulvovaginites podem ser causadas por agentes infecciosos (transmitidos ou não pelo coito), mas também podem se relacionar a fatores físicos, químicos, hormonais, orgânicos e anatômicos que agem, ora de forma predisponente, ora desencadeante do processo.
Assim deve se mencionar o Diabetes, a ingestão de esteroides, os traumas, os lubrificantes e de absorventes internos e externos, como fatores que podem provocar o desenvolvimento de uma vulvovaginite.
A depilação exagerada e frequente, as roturas perineais, a pratica de coito vaginal imediatamente após o coito anal, e o uso de DIU, alem dos estados hiper ou hipoestrogenicos, podem favorecer as vulvovaginites, por modificarem a flora vaginal.
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VAGINOSE BACTERIANA
Anteriormente designada de vaginite inespecífica, caracteriza-se por infecção polimicrobiana.
Sua ocorrência depende do sinergismo entre a Gardnerella vaginalis e as bactérias anaeróbicas e esta associado ao decréscimo de lactobacilos.
A resposta inflamatória é discreta. (ausência de O2 e PH acido reação inflamatória discreta).
Aparece em cerca de 50% das infecções genitais baixas.
QUADRO CLINICO
Corrimento abundante, homogêneo branco-acinzentado, de odor fétido (odor de peixe cru) e com pequenas bolhas. (toda vez que tiver bolhas é anaeróbico).
Observa-se eventualmente, disúria (dor ao urinar), dispaurenia (dor durante o ato sexual), prurido e colpite (inflamação da mucosa vaginal) discreta.
DIAGNOSTICO
Características clinicas do corrimento;
Ph maior de 4,5
Testes das aminas positivo: consiste da adição de KOH a 10% sobre uma amostra de conteúdo vaginal. Nos casos de vaginose, ocorre a liberação de aminas biovolateis que exalam odor de peixe cru.
Exame microscópico demonstrando as células chave; células vaginais ou ectocervicais descamadas, intensamente parasitadas em sua superfície pela Gardnerella.
TRATAMENTO
Abstinência sexual
Acidificação do PH vaginal (para um litro de água 1 colher de vinagre
Duchas vaginais com peróxido de hidrogênio a 1,5%, não associar peróxido de hidrogênio e nitroimidazolicos.
Derivados nitroimidazolicos (metronidazol, tinidazol, ornidazol, secnidazol) utilizados por via sistêmica.
Gravidez contra indicado os nitroimidazolicos, utiliza-se Amoxicilina ou Ampicilina.
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CANDIDIASE
A cândida é um fungo gram-positivo, saprofita, responsável por 20 a 25% dos corrimentos genitais de natureza infecciosa.
A mais comum é a espécie C. allbicans, e em 15 a 20% dos casos outra espécie como a C. glabrata e a C. tropicalis podem estar envolvidas.
QUADRO CLINICO
Corrimento branco, em placas, aderente, com aspecto de leite coalhado.
Prurido intenso determinando hiperemia , maceração e escoriações na região vulvar, (devido coçar muito), levando a disuria (dor ao urinar) e dispaurenia ( dor durante a relação sexual).
Os sintomas podem ser decorrentes da reação alérgica á toxina da levedura (cândida) e surgem ou pioram na fase pré-mesntrual.
Pode ocorrer por transmissão sexual.
DIAGNOSTICO
Baseia-se no quadro clinico e exame microscópico
Ph acido entre 3,5 e 4,5
Tanto os lactobacilos quanto os leucotitos são numerosos
No exame microscópico identifica-se o agente na forma de filamentos
TRATAMENTO
Fluconazol 150mg
Tratamento tópico nistatina creme vaginal por 14 noites
Em caso de recorrência tratar o parceiro
Gravidez tratamento tópico após o primeiro trimestre
Alcalinização do PH vaginal
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TRICOMONIASE
Representa cerca de 10 a 15% dos corrimentos genitais infecciosos
O Trichomonas vaginalis é um protozoário oval, anaeróbico e flagelado.
Sua transmissão é praticamente sexual.
O sinergismo com flora anaeróbia também é frequente.
QUADRO CLINICO
Corrimento profuso (abundante), amarelo ou amarelo esverdeado, bolhoso e fétido.
Prurido (coceira), disuria ( dor ao urinar), dispaurenia ( dor durante a relação sexual), geralmente estão associados.
Os sintomas intensificam-se no período pré-menstrual.
A colpite (inflamação do colo do útero) esta presente pela ação local do agente. (irritado pela locomoção do flagelo).
DIAGNOSTICO
É clinico e microscopico
O PH vaginal fica em torno de 5 a 7
O teste de aminas pode ser fracamente positivo
No exame microscópico a fresco pode se identificar o agente em movimento
Os lactobacilos são escassos e os leucócitos abundantes
TRATAMENTO
Nitroimidazolicos 2g VO em dose única para atingir a infecção uretral e vesical.
O parceiro deve ser igualmente tratado.
Na gestação utiliza-se o clotrimazol tópico por ser inócuo ao feto.
Acidificação do PH vaginal
(água com vinagre 1 colher para um litro de água, Yakult por um litro de água.
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GONOCOCIA
A Neisseria gonorrboeae, diplococo gram-negativo, agrupa-se aos pares no interior de leucócitos.
Sua incubação é curta em torno de 2 a 4 dias.
A transmissão é sexual.
Apresenta predileção pelo PH alcalino.
Propaga-se de forma ascendente no trato genital.
É possível que sua ascensão no trato genital ocorra por acoplamento aos espermatozoides.
QUADRO CLINICO
Em geral é pouco expressivo no sexo feminino.
A endocervicite, quando típica caracteriza se por secreção espessa e purulenta.
As glândulas uretrais e vestibular maior, e a uretra podem estar envolvidos.
DIAGNOSTICO E TRATAMENTO
O diagnostico é realizado através do exame bacteriológico de material coletado da endocervice, evidenciando o agente.
A droga da eleição é a Penicilina Benzatina, na posologia 4.800.000 UI por via IM, dividida em duas doses de 2.400.000 em cada nadega.
Pode utilizar como alternativa a Ampicilina 3,5 g VO em dose única ou Tetraciclina 500mg VO a cada 6 Horas por 4 dias.
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INFECÇÃO POR CLAMYDIA TRACHOMATIS
Clamídias são parasitas intracelulares obrigatórios, gram-negativos, que se multiplicam por divisão binária no interior de células hospedeiras.
A infecção é semelhante a Gonococica, e muitas veses ambas estão associadas.
O espectro clinico é bastante amplo: os sorotipos D a K causam as infecções geniturinárias; os tipos L1, L2 e L3 relacionam-se com o linfogranuloma venéreo.
QUADRO CLINICO
Em geral as mulheres infectadas são assintomáticas.
A endocervicite mais característica é a erosiva, que produz secreção mucopurulenta.
As formas altas de infecção podem acarretar sequelas como esterilidade, aumento do risco de gravidez ectópica e algia pélvica crônica.
DIAGNOSTICO
O exame citológico é de baixa sensibilidade e de pequeno valor.
Os métodos sorológicos tem elevada sensibilidade e especificidade.
Geralmente utiliza-se o método Eliza.
TRATAMENTO
A droga de eleição é a Tetraciclina VO a cada 12 horas, por 7 a 14 dias.
É contra indicada na gestação, tendo como alternativa a Eritromicina ou Amoxicilina.
È indispensável tratar o parceiro.
